sábado, 27 de novembro de 2010

Actualização sobre o Kikko (ou... pode um halti auxiliar em casos de problemas por separação?)

(English version above)


Este post é uma actualização ao que se tem passado com o Kikko desde que para cá veio. Podem ler o post inicial aqui



Bem… O Kikko já cá está há 4 semanas. Houve dias melhores, houve dias piores, mas os dias melhores estão a ser os mais frequentes. Sobretudo na última semana houve uma grande melhoria! Já lá vamos…

A adaptação aos meus restantes cães foi um espectáculo! Parece que nunca de cá saiu! Desde o primeiro dia que o solto juntamente com os irmãos, com a mãe, com os “primos”, “tios” e “avó” (ou seja com os restantes Drevers e Teckels) e nunca houve nenhuma reacção de agressividade de parte a parte, ninguém se manteve à parte, ninguém se tentou impor. Quanto aos Drevers, isso não me espantou, a experiência que tenho tido é que não são cães que se tentem impor. Em relação aos Teckels, surpreendeu-me um pouco, mas suponho que a idade da cachorrada toda – 10 meses – ajuda a quem ninguém tenha ideias de se tentar impor ou de constituir uma “ameaça” aos mais velhos. Todos os meus cães estão também habituados a estar com cães de diferentes tamanhos e idades, o que também ajuda à tolerância.

Aliás, a nível de adaptação, o Kikko fez maravilhas ao Pinhão, um Teckel com 4 anos. Desde que o tenho há mais de 2 anos, ele sempre excessivamente muito retraído e pouco interactivo com os outros cães. No entanto, pela primeira vez vejo-o a brincar como se fosse um cachorro! Parece que encontrou a sua alma gémea no Kikko! :)
No entanto, a vinda do Kikko teve uma desvantagem para o Pinhão. Ele é um cão extremamente sensível, é o tipo de cão que se sente um pouco mais de stress da parte das pessoas, deita-se no chão, evita encarar-me e não se consegue fazer nada dele; é preciso muito encorajamento e alguma paciência para que ele recupere a confiança suficiente para ele voltar ao que estava a fazer ou vir ter comigo. Ora, estes dias têm sido bastante stressantes para mim, pois se eu já sou stressada por natureza, com os problemas do Kikko ainda tenho andado mais, sobretudo com o ladrar quase constante e persistente. Demorei um pouco a aperceber-me desta situação, mas tenho feito um esforço ainda maior de auto-controlo. E os progressos que andam a ser feitos com o cachorro também estão a ajudar a andarmos todos mais relaxados!

Ao fim de pouco mais de uma semana, o Kikko acabou por se integrar no ritmo normal cá de casa. Ele sempre foi cão de apartamento e a ida à rua era à trela (e, até muito recentemente, bastante controlado por causa dos problemas da pata). Aqui, os cães passam uma boa parte do dia à solta num parque, em diferentes grupos. De início ele não queria ficar mais do que alguns minutos de cada vez, depois começava a ladrar, ansioso, da mesma forma que quando me vê desaparecer, mas gradualmente começou a ficar descontraído no parque cada vez mais tempo, e agora não ladra para sair durante todo o tempo que lá está, apenas quando começo a tirar os cães para os trocar e não o tiro logo a ele, apesar de a ordem das trocas ser a mesma todos os dias – afinal, quer os cães quer eu própria gostamos das nossas rotinas fixas! Mas isso está a mudar… já lá chegamos…

Entretanto, à medida que o Kikko se foi adaptando às rotinas, e a um horário de alimentação fixo (antes tinha a comida à disposição) a higiene em casa começou a melhorar bastante. Nas últimas duas semanas, aproximadamente, deixou de haver acidentes em casa. E quando precisa de ir à rua fazer algo já começa a pedir. Tem continuado a urinar em casa, mas desta vez é possível contextualizar a razão – nos últimos tempos já só anda a fazê-lo quando eu saio de casa para tratar dos outros cães; nestas situações, ou fica a ladrar ou vai urinar em alguns locais da casa. Mas isso também está a mudar… já lá vamos… (Já perceberam que estão a ocorrer muitas mudanças nos últimos dias? ;) )

Houve porém um pequeno revés, rapidamente resolvido. Ao fim de 2 semanas, precisei de sair durante um fim-de-semana. Ficou cá em casa a rapariga que me costuma tratar dos cães, e que os restantes já conhecem bem – menos o Kikko. Apesar de não ter havido mais problemas que os que andavam a haver (ladrar, urinar), reparei que nos primeiros dias o Kikko regrediu um bocado, voltando a ladrar mais e com um tom mais ansioso, e urinando mais. Mas mais para o fim da semana já tinha volta ao normal, lá há-de ter percebido que eu afinal não ia desaparecer.

Em relação às estadias na caixa, há alguns progressos… Graças a dormir e comer nela todas as noites, e à utilização do Kong durante o dia, já vai para a caixa feliz e contente!... Mesmo quando não precisa mas pensa que pode ganhar algo em ir para lá! ;) No entanto, se o fecho na caica durante o dia, ao fim de pouco tempo, ou se pensa que eu vou sair, começa a ladrar muito. E aqui o Kong não está a ajudar; mesmo recheado de coisas que ele gosta bastante, brinca um pouco com ele mas quando se apercebe que me estou a preparar para sair começa a ladrar. Durante a noite não há esse problema, apenas quando se aproxima a hora normal de me levantar. Nessa altura, apesar de não ficar a ladrar em contínuo como de dia, fica a choramingar e a soltar alguns latidos até eu me levantar, arranjar e o soltar; por vezes chega mesmo a sujar a caixa.

Contra as minhas expectativas, consegui encontrar um halti à venda onde vivo. Antes de o começar a usar para prender a trela, para o começar a habituar a deixar de puxar, passei cerca de uma semana e meia a habituá-lo a usá-lo sem sinais de desconforto ou stress – muitas sessões de guloseimas dadas através do anel do halti, depois com o anel posto, depois começando a apertar o halti e soltá-lo, depois a usá-lo durante alguns minutos, depois durante vários minutos. Quando o senti à vontade com o halti posto, comecei a levá-lo com ele para o parque. De início ainda tentou lutar um pouco quando sentiu a resistência na cabeça quando puxava, mas com algumas recompensas rapidamente aprendeu até onde é que podia ir sem puxar a trela. Estou também a usar sempre a mesma trela com ele, pelo que se torna mais fácil aprender os limites do que com trelas de diferentes tamanhos ou com uma trela extensível.
Mesmo depois de o começar a levar à trela com o halti, continuei a pô-lo em casa em diferentes situações, para não criar uma associação estrita entre o halti e a rua. E isto trouxe-me alguns benefícios inesperados! E sim, agora vamos lá! ;)

Há uns dias, uma amiga no Facebook partilhou um link relativo à utilização de um face wrap, uma tira elástica que se coloca no focinho do cão para o desabituar de ladrar. Já tinha ouvido falar dos body wraps, bandas elásticas que se põem à volta do corpo do cão (há mesmo empresas que fazem tipo uma “camisola”), e que ajudarão a controlar medo e ansiedade nos cães, mas foi a primeira vez que ouvi falar em algo semelhante para a focinho. De início pareceu-me uma ideia tola, que o cão facilmente poderia tirar aquilo, ou se se calasse era por causa do stress de ter uma coisa à volta do focinho.
(Por outro lado, da primeira vez que ouvi falar de treino com clicker há mais de 10 anos também me pareceu um conceito desnecessário, e depois de aprender como se fazia e ver a diferença de atitude no meu próprio cão, tornei-me uma fã convicta! Por isso não digo desta água não beberei…)
Bem… li o texto do link, registei mentalmente mas não voltei a pensar nele. Ou melhor, não teria voltado a pensar se não me tivesse sucedido uma coisa que possivelmente nem me teria apercebido se não tivesse lido esse artigo! Como disse acima, andava há vários dias a habituar o Kikko ao halti, e já não me apercebi de sinais de stress com ele posto. Na altura andava a pôr-lhe o halti em casa durante algum tempo de cada vez. E calhou durante esses períodos começar a sair de casa para ir trocar os cães que andavam à solta no parque. E pela primeira vez, pude sair de casa e o cão não ficou a ladrar! Nem urinou! Nem me saltou para as pernas quando voltei a entrar em casa, apenas me veio cumprimentar calmamente. Hmmm… estranho, este não é o Kikko que conheço! Bem… coincidência, pensei… Mas essa situação e o artigo que tinha acabado de ler ficaram aqui a remoer no fundo da minha mente. Então, desde há uma semana, resolvi começar a pôr-lhe o halti cada vez que tinha de sair um pouco de casa (trocar cães, cuidar dos restantes, etc.). E efectivamente o cão deixou de ladrar, quando antes o fazia sistematicamente. E o urinar nestas situações também parou! Boa, um problema controlado! E quanto ao ladrar no parque quando começo a tirar cães e não o tiro a ele? Bem, vamos experimentar a ver se também resulta… Ponho-lhe o halti quando começo a tirar e vou arrumar outros cães e voilá, parou de ladrar nessa situação também. Mais um problema controlado!
Pensei… será que ele parou de ladrar por se sentir incomodado com o halti na cabeça? Não me parece – tenho reparado que, quer em casa quer na rua, mesmo com o halti posto ele ladra em situações “normais” (quando vê gente estranha, quando brinca com outros cães, quando disputa um brinquedo), é apenas o ladrar derivado da ansiedade que parou. Aliás, tanto que estou seriamente a considerar experimentar pôr-lhe o halti quando fica na caixa, a ver se também funciona nessa situação.
E ao fim de uma semana a usar o halti nesta função “secundária”, estou a constatar que mesmo quando não lho ponho, o ladrar quando estou a trocar cães do parque ou quando saio de casa por momentos diminuiu drasticamente; e apesar de nesta última situação o urinar ter voltado (bem, menos mal, prefiro lidar com uns quantos xi-xis que com o cão com os pulmões do Inferno!), noto o cão menos ansioso e excitado quando volto a entrar em casa.

Kikko, Alfinete e Pinhão
Portanto, em resumo, penso que esta semana foram feitos progressos notáveis! A habituação do Kikko ao ritmo de vida cá em casa, a amizade que tem com os outros cães, principalmente com o Pinhão e com o Alfinete e, sobretudo, as grandes alterações comportamentais que vi esta semana com a ajuda do halti indiciam uma excelente recuperação. Apesar de ter a noção que vai ser um caminho longo!
Neste momento, a minha principal questão tem a ver com a dúvida se o irá ocorrer um processo de habituação tal que auxílio que o halti tem dado na sua função “secundária” desapareça. No entanto, como noto já mudanças comportamentais mesmo quando o Kikko não o está a usar, espero que as melhorias se tornem mais permanentes.


(P.S. – O ar sério que ele tem na foto não é por estar a usar o halti, é memso porque ele não estava particularmente feliz de estar em cima de uma mesa, mas foi a única forma de lhe conseguir tirar uma foto sozinha)

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